terça-feira, 4 de agosto de 2009

Trabalho do Bloco do Passo

O Passo é um método de Educação Musical criado por Lucas Ciavatta publicado em 2003 e atualmente utilizado no Brasil e no Exterior. Sua metodologia surge em resposta ao processo altamente seletivo do acesso à prática musical tanto nos espaços acadêmicos quanto nos espaços populares. A maior inspiração do método veio da riqueza do fazer musical popular brasileiro, principalmente no que diz respeito à relação corpo e música no processo de aquisição do suingue; no repertório estão incluídos ritmos como o samba, maracatu, congo, alujá, cantos e experimentações que investigam musicalmente as relações de tempo e espaço. Como professor, ele se deparou com a dificuldade de um ou outro aluno (e, às vezes, também a sua própria) de "pegar o ritmo". Com o tempo, essa dificuldade de ensinar e aprender foi crescendo e se transformando num desafio, que fez Lucas começar a investigar. Depois de muita pesquisa, finalmente ele teve um "insight": e se usasse o próprio passo como recurso de percepção do ritmo? A ideia funcionou e aos passos foram adicionadas, também, palmas. Nascia, assim, um novo método de ensino de música. No nosso trabalho com os alunos, constatamos que através do som ou do silêncio o corpo se vincula com o tempo. Por exemplo, existem sons interiores (nossas lembranças auditivas - vide o exemplo que dei, dentre muitos outros), os sons especiais (as sirenes da ambulância, dos bombeiros, a campainha para o recreio, a voz do professor), os sons da natureza (o vento, a chuva, as folhas das árvores caindo, a madeira queimando) e os sons do próprio corpo (a respiração, a voz, as articulações). Trabalhar com os alunos a percepção dessas realidades dentro de uma determinada duração, estabelecendo pausas e recomeços, é trabalhar ritmicamente a vida. Estaremos educando o aluno ritmicamente a ter um ganho de percepção rítmica, das noções espaço-temporal bem mais definidas, mas, acima de tudo e, muito além disto, estaremos educando o aluno para a vida, isto é, para ser sujeito de sua própria existência. Preparado para enfrentar, modificar e brigar por aquilo que lhe soa mais harmônico, mais equilibrado, justo, pois aprendeu a ouvir os muitos sons da vida e não se contenta com um único som nem com um único ritmo.

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